Farol, faro, falo

A música estava ali tocando... 12 segundos de obscuridad... Jorge Drexler...

Passou em mim um raio de luz do farol e doze segundos depois eu estava mais feliz

Mais que linda metáfora a que Drexler escolhe para falar sobre das coisas que ficam mais importantes na escuridão, linda... linda...

O farol é uma lição de psicanálise, não seria caso não fosse um faro (en spanõl)...falo (em lacanês)... mas não quero teorizar agora, quero viajar num barco à noite e me dar de frente com os raios do farol.

O farol está lá parado em um ponto da terra que beija o mar.

Há um feitiço no farol tal como o feitiço de Áquila. Há ali uma magia.

De dia ele é visto pelos homens mas está morto, de noite ele desaparece, e por isso mesmo ele pode viver.

O que ao dia é sólido, ereto, vermelho e branco... ele é parado.

À noite venece, escurece e se ilumina

E por isso mesmo se põe a girar...

O farol só existe porque pode ser para além de sua concretude, para além da escuridão

A noite dá o contorno, o giro dá o seu movimento, e a luz que está e não está dá a sua razão.

Como nos diz Drexler, são os 12 segundos de escuridão que importam para o farol exista.

"Un faro para, sólo de día,

guía, mientras no deje de girar

no es la luz lo que importa

en verdad son los 12 segundos de oscuridad"

O que a mágica do farol pode nos dizer?

O que em nós precisa se apagar para se fazer existir?

O que em nós precisa faltar-a-ser para ex-sistir?

O que a escuridão pode nos fazer ver para chegarmos ao nosso cais?

Será que queremos chegar ao cais? aos pais?