Semquenempraque

Friday, September 22, 2006

Brincadeira de jogar

Semquenempraque.
Semnemquepranem!
Nemsemnemquepra.
Nempraquenemsem?
Praquenemsemnem?
Prasemnemquenem.
Quepranemsemnem?
Quenemsempranem.
Sempraquenemnem.
NemNempraquesem.
Semnemquepranem.

Palavras-vertigem (essas não são minhas, acho que são nossas)

Deus
Vazio
Nada
Espaço
Tempo
Ser
Morte

Palavras-vertigem

São palavra que levam àquele que pronuncia à uma região do pensamento que não tem fronteiras.
São palavras que têm vista para o abismo sem fundo e sem fim.
São palavras de borda, de limite, que estão a um passo da desrazão.
Quais são as minhas palavras-vertigem?
Quais são as palavras que me levam para a beira do abismo?
Como chegar até elas? Eu ainda não sei.

Deus

Deus é o nome que a gente dá para o que não tem nome.
Deus é o inominável. "Eu sou aquele é", ele já disse uma vez.
Em nome do que não tem nome eu digo Deus.
Em nome de Deus é sinônimo de em nome do que não tem nome.
Em nome do que não tem nome...
Deus é uma palavra vertigem, só há o abismo depois dela.
Você se arrisca a mergulhar?

"Em nome de"

Em nome de que nós fazemos as coisas que fazemos?
Falar "em nome de" pressupõe que a palavra (o nome) vem ocupar um lugar de vazio (?)
O que havia lá antes de se dizer "em nome de"?
Se é "em nome de" é porque algo não pode ser dito senão por aquele nome (em nome de)
"Em nome de" é metáfora.
Em lugar do que não pode ser dito ou feito eu digo e faço "em nome de"
"Em nome de" é um artifício.
Se eu não posso dizer ou fazer, eu digo e faço "em nome de"
"Em nome de" é um sintoma
Se não posso ouvir e fazer o que meu corpo que falar e ser, eu faço sintoma "em nome do não-dito"

Em nome de Deus

Em nome de Deus
É com esse metáfora (em nome de alguma coisa) que o homem é capaz de fazer as coisas que estão mais longe do seu alcance.
Em nome de Deus é sinônimo de força, potência, poder.
Em nome de Deus um grupo de homens atingiu o centro do poder norte-americano.
Em nome de Deus eles fizeram um feito jamais imaginado.
Em nome do quê, senão Deus, eles poderiam ter realizado tal obra?

Wednesday, September 13, 2006

Click

Click. Pronto. Click acabou. Click.
Click é um filme, uma comédia, uma poesia.
Click é o som que acontece quando o homem toca em seu desejo. Click.
Click é pulsão, é ilusão, click é o Real.
Click é impossível. Click é a morte.
Click é o que todos queremos não querer, pois se conseguimos paramos de Click.
Click é sua própria antítese. O nosso desejo é antit-ético.
A gente deseja não desejar o que Click tem a nos oferecer.
Mas o tempo todo pensamos que o que queremos é Click.
Não queremos Click, queremos pensar que Click nos realiza.E com isso a gente segue apertando os botões de nosso desejo.

Cinema Vazio

Essa minha imagem me pegou de jeito essa semana.
Uma sala enorme, cheia de cadeiras vazias.
Uma sala vazia cheia de cadeiras e música.
Uma sala, um vazio.
Durante duas horas de um filme o cinema não se enche de gente.
O cinema de enche de luz e som. Emoção e poesia.
A luz e som não pedem que ninguém as veja e ouça.
Isso é que a sala vazia me ensinou.A emoção e a poesia pedem alguma coisa?

Casa do Lago

Duas pessoas. Dois tempos. Uma casa. Uma história de amor.
Esse filme me trouxe uma visão clara de como o amor só existe por sua impossibilidade.
Durante todo o filme os dois personagens se comunicam através de cartas em tempos diferentes, ele em 2004 e ela em 2006. Ótima sacada.
Afinal, não é assim que acontece com todos os casais?
O desencontro, o descompasso é a fonte do amor e sua persistência.
Mas não se trata de um simples descompasso, trata-se sobretudo de um desencontro que reverbera a vontade de se encontrar. E isso não é pouca coisa.
O amor é como uma nota dissonante, ele é bonito por é falho, porque é torto.
O amor é o impossível mais delicioso que o homem pode desejar.Que assim seja...

Saturday, September 02, 2006

Mário Quintana disse...

Os poemas são pássaros que chegamnão se sabe de onde e pousam no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão.
Eles não têm pousonem porto alimentam-se um instante em cada par de mão se partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti...

Mais Mosé

Palavra boa é palavra líquida.
Escorrendo em estado de lágrima.

A palavra é uma roupa que a gente veste uns gostam de palavras curtas
outros usam roupa em excesso
existem os que jogam palavra fora
pior são os que usam em desalinho
cores brigando,substantivos em luta
alguns usam palavras raras
poucos ostentam palavras caras
tem quem nunca troca
tem quem usa a dos outrosa maioria não sabe o que veste
alguns sabem e fingem que não
uns nunca usam a roupa certa pra ocasião
tem os que se ajeitam bem com poucas peças
outros se enrolam em um vocabulário de muita
seu adoro usar palavra limpa
tem gente que estraga tudo que usa
e você?
com quais palavras você se veste?
com quais palavras você se despe?

Viviane Mosé

Friday, September 01, 2006

Será mesmo que o sentido aparece?

Ou nós é que inventamos ele só para nos divertir com a brincadeira?

Boa pergunta

Acho que quando não entendemos o que as palavras querem dizer acontece uma mágica.
Tal qual quando criança brincava de esconde-esconde, tem um momento em que não se sabe quem é quem se esconde quem é que procura.
Talvez ler seja brincar de esconde-esconde com o sentido.
Porque quando não entendemos o que as palavras querem dizer, deixamos de ler para sermos lidos pelas palavras. Deixamos de procurar o sentido e passamos a sermos procurados por ele, pois é somente depois que vamos saber do que se trata. Não é assim?
Lá depois de um bom tempo de leitura, eis que o sentido aparece (?) e nos dá um susto.
BUM!

O que é ler?

Essa semana começei a aprender a arte de ler sem querer compreender.
É sério, tem um tal de Lacan que me incitou a esse desafio.
A sua escrita nebulosa me levou a pensar sobre o que significa ler.
O que é ler? O que se ler? O que se pensa que ler?
Depois de ler várias frases sem entender nada, pensei: ler é estar diante das palavras.
Não seria justa esta definição? Estar diante das palavras.
É o que a fenomenologia da leitura tem a nos dizer.
Logo, a compreensão de um texto é um mero acidente de percurso (discurso?).
Pode-se compreender ou não. Mas a incompreensão não impede continuar a ler.
O que se lê quando não se entende o que as palavras querem dizer?