Semquenempraque

Tuesday, October 03, 2006

O que faz de nós a pessoa que somos?

Esta é a pergunta que o documentário Unknow White Man parece fazer ao contar a história de um cara que devido a uma espécie de derrame perde toda a memória de sua vida. Ele já com uns 30 anos perde todas as lembranças de quem foram seus pais, amigos, com o que trabalhava, o que fazia para se divertir e o que o fazia sofrer. Imagine se tivéssemos esta oportunidade, de dar um reset em nossas vidas, você aceitaria?
Fico me perguntando se é memória dos eventos que nos faz acreditar que somos a mesma pessoa dia a pós dia. A possibilidade de perder a memória me faz perguntar porque prezamos tanto por nossa continuidade no tempo. Porque insistimos em querer ser sempre os mesmos?
Outra pergunta. Será que são as memórias que nos atam ao curso da vida? O que nos faz sentir que fazemos parte do mundo? Será que é o nosso corpo, nossas lembranças?
Ao ver o cara do filme revendo suas fotos e vídeos antigas há um tom de ironia nessa amnésia que causa espanto. Imagine você não reconhecer que viveu aquelas alegrias, que deu aqueles beijos.
Isso tudo só me trouze uma idéia-espinho (essas que não desgrudam de você mas que lhe causam incomodo) aquilo que pensamos que somos é tão frágil e sutil como uma bolha de sabão. Enquanto ela está no ar, flutuando ela parece se adaptar completamente ao ambiente, basta um leve sopro para que ela se desmanche e se desfaça no ar. Para onde foi o que ela era? A bolha de sabão assim como nós é uma forma, uma organização, uma montagem (muito bonita por sinal). Basta um leve sopro (divino?) para que deixemos de ser o que pensavámos que erámos.
Gostei! O ser é uma bolha de sabão. O ser é uma forma frágil e sutil. O ser é vazio. Onde está o vazio do ser? Dentro ou fora? Não é lindo isso? Pensar que o que somos é apenas uma película solta no vazio, flutuando e alegrando a quem ver. Não estaríamos falando aqui da Terra flutuando no vazio do universo?
Ploc!